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Herdade Terra de Freiras e Grupo São Mateus

Herdade Terra de Freiras e Grupo São Mateus

1. Contexto

A Terra das Freiras (TF) e o Grupo São Mateus (GSM) estão localizados em Monfurado (SCI), pertencente à rede Natura 2000. Ambas as explorações estão integradas numa “ZIF” (zona de intervenção florestal), beneficiando de um plano de gestão florestal. O Grupo São Mateus é gerido sob certificação orgânica. Ambas as explorações são compostas por um estrato arbóreo de sobreiro (Q. suber). São exploradas para produção de cortiça e pecuária (vacas em aleitamento em TF / vacas em aleitamento e galpões em GSM). O GSM é também explorado para a produção de forragens. Em ambas as explorações, é estabelecido um sistema de pastagem rotativo em todas as parcelas.

A instalação de uma pastagem biodiversa (de Fertiprado) foi realizada em 2012 em ambas as explorações. Nos últimos dois anos, foi adicionado fósforo para melhorar a fertilidade do solo (em diferentes parcelas). A alimentação suplementar não é necessária. Para além do pastoreio, a produção de feno na GSM fornece alimentos para o gado. As importações de rações só são necessárias em alguns casos. A disponibilidade de água nas explorações é suficiente para abastecer o gado.

As duas explorações têm diferentes estados de regeneração e composição da camada arbustiva, pelo que as acções a serem tomadas serão também diferentes uma da outra. Não existem sintomas de secura nas explorações agrícolas.

A UEvora e o agricultor propõem a criação de 4 ilhas de mato com alta densidade de mato por exploração, de preferência sem sobreiros no interior, uma vez que as explorações são exploradas para a produção de cortiça (em 2026 espera-se que a cortiça seja colhida num processo que requer a eliminação do mato). O principal objectivo da acção C é melhorar a camada arbustiva, protegendo as ilhas do pastoreio do gado, de preferência em zonas com estruturas rochosas para favorecer a biodiversidade da fauna. Está prevista a plantação de espécies arbustivas adicionais nas ilhas mais pobres, na sequência de uma avaliação na Primavera de 2023. O enriquecimento das ilhas de arbustos será realizado inicialmente com bolas de sementes preparadas a partir de sementes colhidas localmente (Verão de 2022) e posteriormente com a plantação de espécies multiplicadas por Ecohabitat a partir de sementes fornecidas pela UEvora (do Sitio de Monfurado). Se necessário, medidas adicionais como a limpeza de espécies exóticas presentes nas ilhas podem ser aplicadas mais tarde. O objectivo é melhorar e diversificar o estrato arbustivo dentro das ilhas. Por conseguinte, as acções preparatórias para a produção de bolas de sementes devem ser levadas a cabo o mais rapidamente possível, incluindo a recolha de sementes nas explorações agrícolas.

Carla e Anabela da UEvora realizaram um censo preliminar de mato nas ilhas, que será concluído assim que a rede de protecção para a delimitação das ilhas tiver sido instalada.

Os solos dos sítios TF e GSM são descritos como tipos Cambisol e Luvisol (IUSS, 2015) respectivamente. Ambos mostram a toxicidade do Mn como uma propriedade natural destes tipos de solo ácidos e pouco drenados, desenvolvidos a partir dos mais antigos leitos de granito, xisto e gnaisse da Península Ibérica. A toxicidade do Mn é corrigida pela aplicação de calcita dolomítica (Goss e Carvalho, 1992) e a sua aplicação e validação nos locais de estudo está prevista para Setembro de 2022.

A descrição das medidas específicas definidas para as explorações agrícolas é a seguinte.

2. Acções

2.1 Terra das Freiras

Esta propriedade de 205 ha é composta principalmente por sobreiros, com uma camada arbustiva de alta densidade/baixa biodiversidade, dominada por Crataegus monogyna e Cistus salviifolius. A propriedade é caracterizada por uma elevada regeneração do estrato Quercus suber. A regeneração natural da Quercus é protegida por uma rede de arame. Não há mobilização do solo (não há lavra) e o controlo do mato é efectuado com trituradores (de 8 em 8 anos).

As medidas identificadas durante a visita são as seguintes

2.1.1. Protecção de arbustos

Quatro ilhas de pincel serão instaladas nos quatro sítios finalmente seleccionados. Para a construção das quatro ilhas, serão instaladas quatro caixas metálicas de 12 m x 12 m, apoiadas em aço corrugado; de um lado será providenciado um acesso ao interior das ilhas. Junto ao recinto da ilha, mas no exterior, será seleccionado um ponto para amostragem de controlo do solo; este ponto será protegido com uma pequena gaiola de exclusão para evitar a interacção com o gado.

Se possível, as ilhas devem cobrir áreas de irradiação diferente para verificar o efeito da luz sobre o gado. Eventualmente, podem ser plantadas manchas de erva dentro das ilhas, se forem de interesse.

Ilha 1: área com uma estrutura rochosa e alguns sobreiros no interior.

Ilha 3: área com uma estrutura rochosa e alguns sobreiros no interior. Cobrindo as rochas, existe uma espécie protegida de líquen.

Ilha 4: área sem uma estrutura rochosa. Não há sobreiros no seu interior. Um indivíduo de Q. ilex. Alta biodiversidade de arbustos: G. scorpius, C. salviifolius, blackberry, samambaias.

Ilha 5: área com estrutura rochosa. Um indivíduo de Q. ilex e Pyrus sp. Uma gaiola de exclusão.

2.1.2. Protecção Quercus

A limpeza mecanizada será realizada numa área de cerca de 13 hectares, uma área com muito mato monoespecífico, principalmente Cistus spp. As 4 ilhas de mato estão incluídas dentro desta área, mas protegidas pelo recinto. Serão instaladas jaulas de exclusão para a protecção da regeneração de Quercus spp, dentro da área desmatada, a uma taxa de 10 pcs/ha.

2.1.3.Naturalização do tanque de gado

As fontes de água desta quinta são um lago, um poço, uma nascente e um ribeiro. O tanque é completamente desprovido de vegetação nas suas margens. A qualidade da água é má. O tanque será vedado para impedir o acesso do gado. Um bebedouro será colocado a jusante do tanque para abastecer o gado; será também instalado um reservatório que será enchido a partir do tanque por gravidade (diferença na elevação) e alimentará o bebedouro de água. Será instalado um crivo no centro para dividir o tanque no caso do gado precisar de água. Será instalado um acesso para os porcos.

2.1.4. Acções para a melhoria da fauna

– Abrigos de insectos nas ilhas ou em redor delas.
– Caixas de nidificação para peneireiros comuns (Falco tinnunculus) fora das ilhas.
– Caixas de nidificação para morcegos fora das ilhas. Em árvores (> 3 m), possibilidade de as colocar à volta da lagoa.
– Não há coelhos presentes, portanto, nenhuma acção a ser tomada.
– Acções para anfíbios e répteis ainda não definidas.

2.1.5. Mapas

2.1 São Mateus

Esta propriedade de 297 ha é composta principalmente por sobreiros, com uma camada arbustiva de baixa densidade/biodiversidade, dominada por Crataegus monogyna. Outros arbustos presentes na quinta são: Ruscus aculeatus, Smilax aspera e Asparragus sp e Genista Scorpius. A quinta é caracterizada por uma baixa regeneração do estrato Quercus suber. A protecção da regeneração natural da Quercus (muito escassa no GSM) é realizada por meio de redes de protecção. Não há mobilização do solo (não há aragem) e o controlo do mato é efectuado com trituradores (apenas na parte superior das colinas). As medidas definidas durante a visita são as seguintes:

2.2.1. Protecção de arbustos

Para a construção das quatro ilhas, serão instalados quatro compartimentos metálicos de 12 m x 12 m, suportados por aço corrugado; de um dos lados será providenciado um acesso ao interior das ilhas. Junto ao recinto da ilha, mas no exterior, será seleccionado um ponto para amostragem de controlo do solo; este ponto será protegido com uma pequena gaiola de exclusão para evitar a interacção com o gado. Se possível, as ilhas devem cobrir áreas de irradiação diferente para verificar o efeito da luz sobre o gado. Eventualmente e se tiver interesse, podem ser plantadas manchas de erva dentro das ilhas.

2.2.2. Regeneração da Quercus

Plantação de sobreiros perto dos “arbustos do viveiro” já presentes na quinta fora das ilhas. As sementes serão colhidas na quinta no próximo Outono.

2.2.3. Acções de melhoramento da vida selvagem

– Abrigos de insectos nas ilhas ou em redor delas.

– Caixas de nidificação para aves fora das ilhas; o proprietário especificou que não quer caixas de nidificação para Passerines, uma vez que não há populações de Passerines na quinta. A possibilidade de instalar instalações para outras espécies de aves será considerada.

– Caixas de nidificação para morcegos fora das ilhas. Existem dois postes na quinta perto das ilhas e um charco, onde serão instaladas duas caixas por poste (3-4 metros de altura e a menos de 300 m da água).

– Não há coelhos, pelo que não serão tomadas quaisquer medidas.

– As medidas para anfíbios e répteis ainda não foram definidas.

2.2.4. Mapas